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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Quanto mais suor derramado em treinamento, menos sangue será derramado em batalha. Dale Carnegie

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CAPÍTULO 1

Era o final de dezembro de 1982. Tiago e seus amigos que haviam acabado de concluir os estudos da faculdade de direito, estavam reunidos na universidade. Faltava menos de uma hora para receber das mãos do reitor, o tão esperado diploma, o qual havia se dedicado por cinco anos de sua vida.

Tiago estava ansioso para defender grandes causas judiciais. Não foi fácil chegar até ali. Encontrou dificuldades no caminho, desde o primeiro dinheiro para pagar a matrícula da faculdade até os dias atuais. Não teve a sorte de trabalhar em nenhuma das poucas empresas que havia na cidade. Trabalhava de dia na lavoura, abaixo de sol com seu pai, no pequeno sítio que eles tinham, na pequena cidade de São Carlos, interior de Santa Catarina e à noite estudava em uma universidade na cidade vizinha. Muitas vezes levou todo o material, para o meio do mato. Só assim podia estudar nos pequenos intervalos do trabalho árduo. Este foi o único jeito que Tiago achou para estar perto dos Livros. Tiago nunca reprovou em nenhuma matéria, por sinal passou em todas com boas notas.

Tiago namorava Cláudia há quatro anos, mas se conheciam desde pequenos. Ela havia terminado a faculdade de pedagogia há um ano e fora contratada para lecionar em um pequeno colégio no interior.

A escola ficava há mais de dez quilômetros da cidade, o trajeto só era possível de cavalo, de carroça ou de jipe. Como Cláudia não tinha condições de comprar um jipe fazia o trajeto todas as manhãs à cavalo.

No começo não foi fácil. Além dos quilômetros que andava no lombo do animal, havia os alunos indisciplinados, difíceis de lidar. Chegou muitas vezes a sair da sala de aula chorando, por certas atitudes que as crianças tomavam. O tempo foi passando e Cláudia entrou no mundo dessas crianças. Percebeu que elas eram crianças que vinham de famílias desestruturadas, que só faziam o que faziam, por que tinham um motivo mais forte, como a influencia da agressão familiar ou a agressão do professor anterior. Foi em uma das muitas conversas com os pequenos, que uma das crianças lhe mostrou hematomas nas costas, se Cláudia já havia chorado algumas vezes por travessuras das crianças, agora ela chorava de tristeza por ver tanta violência em lares destruídos, muitas das vezes pelo álcool. No mesmo dia foi falar desesperada com Tiago, na esperança de ter alguma alternativa para ser tomada pelos meios legais.

Livro Um Ultimo Suspiro

Prefácio

John Martin e Douglas Edwards são os nomes dos protagonistas desta história. Mas pergunto-me a cada momento: serão mesmo eles os protagonistas?

Nossa visão limitada das coisas pode ser um grande estorvo. E esta história, além de agradar àqueles que esperam uma excelente trama, de ações ágeis e cheia de desafios, pode servir de base para uma reflexão de quão ampla é nossa visão das coisas.

Vivendo em uma sociedade vingativa onde a verdadeira justiça é apenas uma sombra, não nos importamos mais se um homem preso está sendo recuperado ou não. O desejo popular é apenas que este sofra as agruras de dentro das muralhas.

John Martin é apenas um exemplo do homem que teve tempo de sobra para pensar na própria vida e formar um grau de humanidade em meio a insanidade da execução penal. Assim como diz o apóstolo ao afirmar que a fé sem obras é morta, os sentimentos de John precisam receber o sopro da vida ao serem postos em execução. Salvar uma outra vida é o meio de John salvar a si mesmo.

Ao condenado como John, não importa a opinião pública sobre si. Não mais importa o que o dia de amanhã, o futuro, lhe oferecerá se no dia de hoje, seu presente, ele não conseguir para si mesmo a redenção do ontem.

Esta ficção mostra um universo baseado na realidade. O sistema judiciário do mundo de John marca a ferro toda sua história. Não permite mudanças, não permite redimir-se, não permite o resgate do homem. Em nossa realidade as leis penais consideram importante, uma atitude cristã não fosse o Estado laico, oferecer a restauração do indivíduo recuperado ao convívio social. Mas as práticas dizem o contrário.

Judicialmente, você mesmo poderá julgar ao final do livro, John é o anti-herói. Mas em termos de humanidade, já não é bem assim, afinal, ele busca apenas o que cada um de nós deseja até para depois de nossas mortes: viver, proporcionar a vida e, vencendo os desafios, sentir o prazer de suspirar aliviado, ao menos um último suspiro.

Capítulo 1

Não sei se isto me serve de testamento, de desabafo ou seria apenas um momento de redenção. Afinal, negue o quanto desejar, mas todos nós procuramos a cada dia apenas fugir de nossos fantasmas e buscar uma última golfada de ar que seja. Mas se você está lendo estas palavras é por que devo estar morto.

No ano de 1965 eu já cumpria uns 25 anos de prisão na Penitenciária Estadual do Maine. O dia estava nublado lembro-me muito bem por que comecei a escrever naquele dia.

O ônibus encostou perto do pátio de sol e os já condenados começaram a descer um a um. Como é de costume, todos os presos param seus afazeres e foram até as grades para analisar de perto quem estava chegando. Ele desceu do ônibus lentamente, um metro e oitenta, menos de setenta quilos e um olhar tão ingênuo e assustado que até a mim me impressionou.

Senti a excitação dos outros presos a respeito do garoto. E foi a partir deste dia que travei uma guerra com os irmãos Green.

A cena foi à mesma de um filme americano. Os já condenados chegam em um ônibus Ford de cor amarela, escoltados por agentes penitenciários e são assistidos por nós do outro lado das telas.

Os procedimentos são sempre os mesmos. Ao entrar numa prisão pela primeira vez, cada detento recebe um livro que contém o regulamento da prisão. O livro explica minuciosamente o que pode e o que não se pode fazer. Se você desrespeitou alguma regra certamente passará algumas semanas no isolamento. Mas o pior procedimento na chegada é tomar um jato de água gelada e ser borrifado com inseticida.

Com ele não foi diferente. Acompanhei-o com os olhos até a sala negra. Depois só escutei seus gritos e ele sendo arrastado pelo cruel chefe de segurança Gross.

Debaixo da escada, por um átimo de segundo, pude olhar dentro dos olhos do menino e me pareceu que ele também olhou dentro dos meus. Disseram-me uma vez, não me lembro onde, que os olhos são a janela da alma.

Capítulo 1

O calor chegara a mais de 40° graus quando o responsável pela alimentação de Brian pediu para baixarem a sua gaiola. Pela posição do sol creio que passava de onze horas. Carter era o responsável pela alimentação dos presos que estavam pagando castigo nas famosas gaiolas suspensas a quase dez metros do chão.

Naquele dia lhe foi servido arroz, pão e frango, alimentação suficiente para funcionamento do corpo humano na situação em que estavam. A história de Brian sempre foi diferente da dos demais mendigos que moravam na rua, sempre ficara se comparando a eles. Uns estavam na sarjeta por motivos aparentemente iguais, abandonados pela esposa ou após a falência de um pequeno ou grande negócio, mas agora todos eram alcoólatras.

Acho que ele era o único que aos dois anos de idade foi abandonado na frente de uma biblioteca municipal. Sempre se perguntava se era muito feio ou um fruto indesejável, mas tudo o que sabia é que tinha sido resgatado das ruas por Eva.

Eva o recolheu numa noite fria de 1940, ela sempre fazia questão de lembrá-lo que se não fosse por ela, ele estaria morto de fome ou de hipotermia.

Às cinco da madrugada Eva acordou com um choro de criança próximo aos papelões em que dormia. Eva ficou analisando por mais de uma hora esperando que a mãe que o abandonara se arrependesse e voltasse. Mas isso não aconteceu. As pessoas começaram a transitar e Brian continuava sentado nos degraus, chorando desesperado. As pessoas olhavam para Brian, se sensibilizavam, mas não mudavam suas trajetórias pelo menino.Eva levantou-se dos papelões e o levou consigo. O menino chupou o dedo de Eva com tanta força dando a ela a certeza absoluta que ele estava com muita fome.

Aos dois anos de idade Brian acompanhava Eva pelas ruas da cidade mendigando nas lanchonetes e restaurantes. A rotina era sobrevivência. Vivia um dia de cada vez, pensar no futuro não era permitido. Muito cedo Brian aprendeu a se defender e a odiar as pessoas e Eva era a única pessoa em que Brian confiava e amava.

Eva veio tentar a vida nos Estados Unidos quando completara dezoito anos. Saiu do México com esperança de uma vida melhor e de futuramente buscar os pais que moravam na fazenda. Sonho que não foi realizado e nunca chegou perto sequer de ser concretizado. Ao chegar aos Estados Unidos, no estado de Massachusetts, Eva viu-se obrigada a trabalhar como faxineira para se sustentar. Cinco meses foi o tempo necessário para pegar uma infecção devido à friagem e o dono da lanchonete fez o que achava que deveria ser feito. Mandou-a embora somente com o dinheiro da semana. Adoecida e sem poder trabalhar começou a pedir para não morrer de fome. Uma semana depois já estava morando nas ruas.

Marcelo Diogo Weis.

Nascido e criado no extremo oeste catarinense. Com uma historia muito diferente dos demais escritores. Marcelo aos 9 anos de idade teve que começar a trabalhar para ajudar a levar alimento a mesa de sua família. Vindo do interior para Joinville sua família se deparou com uma situação sócia econômica nada confortável, pai e mãe sem estudo, numa cidade operaria não tiveram emprego muito rentável, seu pai ajudante de pedreiro sua mãe domestica e Marcelo com apenas 9 anos de idade começou a vender doces no centro de Joinville. No decorrer de sua vida de infante juvenil já havia muita responsabilidade e sonhos. Como em qualquer historia de filme de drama, Marcelo busca, hoje em seus livros os sonhos de sua infância perdida.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

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